O Rio Preto fez história no Brasileirão Feminino,
conquistando o inédito título após empatar com o São José no segundo jogo da
final em 1 a 1. Tachado no início como zebra,, o time do interior de São Paulo
levanta o caneco da edição 2015 com apenas duas derrotas e oito gols sofridos.
A melhor defesa do campeonato.
Lideradas por Darlene e Luciana, jogadoras vindas do
Draft, as Alviverdes celebram um título inédito na história do clube. Jogando
em casa, partiram pra cima do São José, tática que surtiu efeito. Saíram do Rio
Pretão com a mínima vantagem de 1 a 0. Deixando o desfecho do título para o
Martins Pereira, casa do clube rival.
Emoções não faltaram na noite do dia 06 de Dezembro de
2015, mais conhecido como domingo. As Joseenses precisando do resultado e
jogando em casa, comandaram a posse de bola, mas o filme do primeiro jogo se
repetiu em São José dos Campos. As meninas do Jacaré abriram o placar. O São
José precisava de mais três gols, mas acabou por fazer apenas um. O placar não mudou
até o apito final que consagrou o Rio Preto como terceiro campeão do Campeonato
Brasileiro de Futebol Feminino. Entrando no Hal da Fama da competição ao lado
da Adeco e Ferroviária. Campeãs das edições anteriores.
O Rio Preto termina o campeonato com apenas duas derrotas
em 14 jogos. Sete vitórias e cinco empates. Marcando 23 gols e sofrendo apenas
oito.
Ao São José resta mais uma frustação em 2015. Foram
vários os momentos de instabilidade em um ano conturbado. Começando com o
título do Paulistão, vencendo a equipe do São Paulo de goleada. O grande
objetivo seria o Tri da Libertadores, mas ele foi ofuscado com um quarto lugar
inesperado por todos. Às Guerreiras Grenás trataram de ratificar a hegemonia Brasileira
na competição continental subindo ao lugar mais alto do pódio pela primeira
vez.
As forças que restaram foram para o Brasileirão, era a
chance de salvar o irregular ano de 2015. Forças insuficientes para ser
campeão.
O BRASILEIRÃO NEGATIVO:
Para
não perder o costume, os momentos negativos da edição 2015 do Brasileirão
Feminino foram mais uma vez destaques na grande mídia. Alguns corriqueiros e
outros enxergados como novidade. Problemas que mostram a realidade vivida pela
modalidade no Brasil.
FALTA DE ÁGUA:
A
falta de água afetou o jogo entre Centro Olímpico (Adeco) e Duque de Caxias
pela primeira fase da competição. Marcio Henrique de Gois, árbitro daquela
partida, relatou o problema na súmula. O time paulista acabou vencendo a
partida por 13 a 0.
E OS MÉDICOS?
A
falta de médico foi o transtorno mais comum na competição. Não só a Nacional, os
estaduais, na maioria deles, não têm/tiveram um profissional por jogo.
Quatro jogos do Brasileirão
foram realizados sem a presença de médico. Botafogo-PB x São José-SP, Viana-MA
x Botafogo-PB, Mixto-MT x São Francisco-BA e Tiradentes-PI x Vitória-PE.
JOGANDO NO ESCURO:
Na
abertura da segunda fase, Tiradentes/PI e Rio Preto/SP jogaram no escuro na
maior parte do tempo. As torres de iluminação não foram ligadas por completo.
Apenas duas das quatro mantiveram a iluminação. O jogo seguiu normalmente.
DESIDRATAÇÃO:
O
episódio mais triste da competição deu-se no Piauí, em partida realizada no
estádio Albertão, na capital Piauiense, entre as donas da casa e o Viana/MA.
Jogando sob forte calor de quase 40º, às 15h, oito jogadoras do time Maranhense
passaram mal, cinco delas deram entrada no Hospital de Urgência da cidade (HUT)
por desidratação.
Em
entrevista ao UOL Esporte, Talvilane Conceição, diretora do Viana culpou a CBF
pelo ocorrido.
"Tiveram
agremiações que foram beneficiadas em jogar em outro horário, e as meninas [do
Viana] não tiveram este mesmo privilégio. Não obtivemos um bom resultado por
conta do tempo e do mal-estar, então tudo isso influenciou muito no nosso
resultado. (...) É uma falta de respeito, porque a CBF só deu prioridade ao
pessoal do Sul e do Sudeste. O pessoal do Nordeste tem que jogar debaixo de um
sol desse".
Marcos
Aurélio, coordenador de Futebol Feminino da CBF rebateu as criticas,
enfatizando a falta de logística do time Maranhense e que o jogo tinha que ser
disputado antes de escurecer devido à falta de iluminação no estádio.
"Tem
problemas de logística. Que o time tivesse saído mais cedo, escolhido melhor a
logística. Claro que eu lamento o ocorrido. Mas não é comum, não pode só falar
que é culpa da CBF. Ouvi dizer que almoçaram tarde, por que isso aconteceu?
Qual a culpa da CBF nessa? Pode ter tido desidratação, que é ainda pior. A
própria goleira já estava passando mal com 10 minutos. Não é tanto do ambiente local,
é a logística, forma de viagem, o que almoçaram".
O resultado do jogo, que foi o de menos,
terminou em 10 a 0 para o Tiradentes antes dos 45 minutos por não ter jogadoras
suficientes em campo.
TAPETÃO NO FUTEBOL FEMININO?
O
Campeonato por pouco não foi decidido de forma manchada, ou melhor dizendo, nos
tribunais. Julgado por suspeita de escalação irregular da meia Portilho no
primeiro jogo da final, o São José conseguiu absolvição com vídeo após acusação
do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
E AS JOGADORAS?
Banco incompleto foi outro corriqueiro buraco no
Campeonato Brasileiro. Foram vários os jogos com poucas opções de suplentes
para os técnicos. Alguns com apenas duas jogadoras no banco de reservas.
O BRASILEIRÃO POSITIVO:
Nem
tudo foi pesadelo no Brasileirão Feminino, os pontos positivos, mesmo que
poucos, apareceram. E nós do #SE destacamos dois.
O
primeiro foi a maior visibilidade Nacional e Internacional. A TV Brasil com sua
pouca verba, fez uma grande cobertura desde o começo da competição.
Transmitindo um jogo por rodada para o Brasil e para o exterior com a TV Brasil
Internacional. O trabalho realmente foi incrível, o futebol feminino só tem
motivos para agradecer. A divulgação ainda é minguada, principalmente pelos
grandes meios de comunicação que pouco ou nada falaram sobre o Brasileirão
Feminino, mas alguns passos já foram dados.
A
terceira edição do Campeonato Brasileiro Feminino foi histórica positivamente
falando. As jogadoras da Seleção Brasileira permanente reforçaram as oito
equipes classificadas à segunda fase por meio do primeiro Draft realizado no
Futebol Brasileiro. América/MG, Rio Preto/SP, Flamengo/RJ, Botafogo/PB,
Tiradentes/PI, São José/SP, Adeco/SP e Santos/SP ganharam reforços de peso.
Tiradentes/PI
e o Flamengo/RJ tiveram o direito de fazer três escolhas. As de mais equipes
obtiveram duas jogadoras.
Confira
as escolhidas por cada time:
América-MG: Rafaelle Leone e Thaisa
Rio Preto: Darlene e Luciana
Santos: Gabi Zanotti e Rilany
São José-SP: Formiga e Bia
Botafogo-PB: Géssica, Raquel e Bárbara
Tiradentes-PI: Andressinha, Camille e Andreia
Adeco-SP: Fabiana, Tayla e Leticia
Flamengo: Maurine, Mônica, Rafa Travalão
Mas
nem tudo foi alegria. As polêmicas circularam os arredores do Botafogo da
Paraíba. A goleira Bárbara, vezes titular, vezes reserva na Seleção Brasileira
reclamou da falta de estrutura do clube em que foi Drafitada. Relatando ser
prejudicada.
Confira
um pouco da entrevista feita naquela ocasião:
-
Eu fico triste. Este draft ajudou muitas atletas, mas também prejudicou
bastante. Eu me sinto prejudicada. Eu vim para cá para tentar ajudar, mas é
complicado. A gente tentar ajudar, mas a gente não pode fazer tudo sozinha.
Foram oito contra o Santos e seis agora. E no próximo jogo? Todo o meu trabalho
do começo do ano até agora está sendo prejudicado. Mas eu recebo ordens e vou
continuar fazendo o meu melhor. A gente tenta ajudar, mas é um time
(Botafogo-PB) que não treina. É um time que não tem preparo físico. E isso está
fazendo falta.
A
treinadora da equipe, Gleide Costa, admitiu que a diferença de estrutura entre
o Botafogo e as equipes paulistas não mede comparações.
“A
diferença de estrutura é tão grande”. Elas treinam em dois períodos e vivem
para o futebol. Na minha equipe, quase 70% do time trabalha em outras
atividades e fazem o esporte por amor. Não temos condições de pagar salário.
“Temos
que repensar onde podemos chegar, pois a luta chega a ser desproporcional”.
O
time Paraibano terminou com a pior campanha da segunda fase, sem nem um ponto
conquistado e sofrendo 16 gols em seis jogos. Sendo ainda punido pelo STJD, por
escalar atleta irregular, ficando com -3 na classificação.
ESTATÍSTICAS:
Jogos: 70
Gols: 258
Média: 3,69
Resultado mais comum: 1x1
Maior número de vitórias - São José: 9
Menor número de vitórias - Duque de Caxias: 0
Melhor ataque - São José: 40 gols
Melhor defesa: Ferroviária e Vitória: 4 gols
Melhor defesa (todo campeonato) - Rio Preto: 8 gols
Pior defesa - Botafogo/PB: 38 gols
Pior Ataque: Viana/MA: 1 gol
32 vitórias de mandantes, 27 vitórias de visitantes e 11 empates.
Mais
uma edição do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino chega ao fim. A próxima
já está marcada com uma grande mudança no calendário, começando no primeiro
semestre de 2016. Entre 21 de Janeiro e 25 de Maio. Portanto, as equipes têm
menos de dois meses de preparação, planejamento e algumas se vão realmente
marcar presença em mais um Brasileirão.
Pouca
visibilidade, valorização, patrocínio... São alguns dos fatos do fraco nível do
Futebol Feminino praticado no Brasil. As sementes que foram plantadas por
muitos estão sendo colhidas agora, e os frutos estão ai. Mesmo que poucos, mas
é um começo. Os talentos são diversos, mas a oportunidade é inversa. Vivemos na
esperança de que o Futebol Feminino cresça e que o país do Futebol realmente
faça valer a palavra.
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