Carta aberta a quem ama nos odiar

(Imagem: GETTY) 
A internet é um pote de ouro pra quem procura dialogo. Algumas vezes esse dialogo acaba em uma enorme confusão, mas na maioria se encerra em um cordial “obrigada”.
Em um desses diálogos cheguei a conclusão de que o mundo inteiro espera algo da nossa seleção. Não é algo qualquer, eles todos esperam que o Brasil seja a seleção que vença os EUA. Pouca responsabilidade né? Estamos acostumadas. Sim, nós estamos.

É incrível. 
Hoje no futebol feminino existem pelo menos seis seleções melhores preparadas que o Brasil, com elencos cheios de recursos e formação de base avançada; Mesmo com tudo isso o mundo inteiro ainda joga nas nossas costas a responsabilidade de vencer os EUA.
Eles sabem da nossa precariedade no esporte, a falta de campeonatos decentes, falta de recursos,  a quase inexistência de categorias de base em clubes e por ai vai e mesmo assim ainda nos entregam a responsabilidade de bater os EUA.

Os Estados Unidos é o vilão maior do futebol feminino. É o papa títulos. É o bicho de sete cabeças (e três estrelas!). É o que toda seleção quer ser.
Todo mundo perde pros EUA; em jogo de copa então, chega a ser vergonhosa a freguesia de seleções como Alemanha, mas na hora de criticar algum time sempre apontam para o Brasil. O mesmo que não tem apoio é o mais massacrado pelos “gringos”. Nos exigem algo que suas próprias seleções não conseguem fazer, nos imploram algo que não tem coragem de pedir a seus times. Gritam a plenos pulmões “vamos lá Brasil, vocês podem” e quando não conseguimos corresponder são os primeiros a soltar a voz dizendo que somos “amarelonas”. 
Nem a seleção da França é tão massacrada como o Brasil. 
Nem a seleção americana é tão odiada como o Brasil.
Nós não sofremos por tentar e não conseguir. Nós sofremos porque jogamos pelo Brasil e pelo mundo. Nem a vitória do Japão na final em 2011 conseguiu aliviar o sentimento daqueles que odeiam os EUA. Eles querem a vitória do Brasil, eles querem uma medalha de ouro no nosso peito. Nós também queremos, mas por motivos diferentes.

Queremos para provar que somos capazes (acho que internamente isso esta provado, é mais uma questão externa), para elevar o nível da modalidade no país, para tornar vitoriosa uma geração que fez muito pelo futebol feminino do mundo. O objetivo é o mesmo, os motivos nos tornam diferentes.

Eu entendo esse ódio todo a seleção americana. É complicado ver outro país ser a melhor seleção do mundo e sempre massacrar a tua equipe; É pior ainda quando a única seleção que consegue ser minimamente decente contra os EUA é o Brasil. Horrível, caros inimigos.
Vocês dependem de um país que em partes, não se importa com o futebol feminino para finalmente poder aliviar teu sofrimento.
Claramente não é fácil.
Não tenho vergonha de dizer que a seleção americana é a melhor. Não temos que ter vergonha por isso. O Brasil ainda assim consegue ser quem mais se esforça contra os EUA, mesmo com toda a disparidade que existe. Somos humildes o suficiente pra aplaudir os EUA no que merecem e temos a fome e a garra necessárias para acreditar que podemos vencer os EUA.
Aceitar que o rival é superior não é vergonha.
Vergonha é viver no pedestal e não conseguir manter a pose quando enfrenta alguém do mesmo nível.
Vergonha é tentar desmerecer uma seleção rival porque a tua seleção é incapaz de vencer teu grande INIMIGO.
Caros "gringos", melhorem.
Nós estamos trabalhando para realizar o nosso sonho e consequentemente o de vocês.


***Esse texto pode incluir clubismo. Estamos a 97 dias dos jogos olímpicos e meu sentimento de torcedora esta aflorado. Respeito todas as seleções do mundo, mas sei o que podemos fazer. Agradeço a todos que leram o texto de coração e mente aberta, aqui fala uma brasileira que admira o bom futebol, mas que acima de tudo vive pelo futebol feminino brasileiro.


Que Deus perdoe as pessoas que odeiam os EUA e o Brasil. - Meu Didico interior.

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