Análise tática: Corinthians x Ferroviária


Mais um classificado para a semifinial do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, o Corinthians venceu a equipe da Ferroviária pelo placar de 4x0, na Arena Barueri. O Seu Esporte Brasil traz uma análise tática pra você entender tudo que aconteceu no jogo e porquê o placar foi elástico depois de um apertado 2x1 no jogo de ida.

O jogo começou com as duas equipes marcando forte para ter a posse de bola. O Corinthians deixou claro sua proposta: valorizar a posse de bola, enquanto a Ferroviária, que precisava da vitória pressionava em linha alta de marcação afim de dificultar a saída de bola alvinegra. Um exemplo dessa pressão na imagem abaixo:


A qualidade de construção ofensiva do Corinthians se sobressaiu durante todo primeiro tempo e logo aos 8 minutos, após cobrança de escanteio, a zagueira Mimi abriu o placar para a equipe da casa. A mobilidade de Byanca Brasil e Nenê auxiliavam a equipe nas ações ofensivas. O jogo era construído de maneira apoiada, com suas jogadoras próximas e qualidade na troca de passes. Aos 12 minutos, Byanca, agora artilheira da competição com 15 gols, ampliou após mais uma jogada com circulação de bola e inversões de lado de campo. A Ferroviária tentava pressionar as saídas de bola, mas oferecia espaços no seu terço mais defensivo de campo:


A solidez defensiva do Corinthians oportunizava erros da Ferroviária em sua construção ofensiva e logo a bola voltava as jogadoras alvinegras. Outro comportamento tático bem observado foi a constante busca pela recuperação rápida da posse de bola (pressão constante na portadora da bola), caracterizando assim as transições defensivas (sair do ataque para a defesa) da equipe. Assim a equipe corintiana impedia a progressão da equipe adversária e iniciava suas ações de contra-ataque (transição ofensiva). Um exemplo disso na imagem abaixo:


A equipe alvinegra buscava jogar com amplitude (distância entre os jogadores mais próximos as linhas laterais) e profundidade com circulação de bola através de uma construção apoiada, de pé em pé, mas também buscava infiltrações no centro de jogo. E assim saiu a jogada do terceiro gol. Tabela pelo meio e passe para a lateral Juci entrar livre na área e empurrar a bola para o gol:


Gabi Nunes, Byanca Brasil, Nenê e Amanda B. organizavam as ações ofensivas do Corinthians contando com o apoio constantes de suas laterais. A equipe continuou a pressionar as saídas de bola da Ferroviária durante todo primeiro tempo e a estratégia deu certo. Apenas aos 40 minutos do primeiro tempo, a goleira Lelê fez uma boa defesa. Um exemplo do jogo apoiado, com triangulações laterais e presenças das jogadoras supracitadas na imagem:


O Segundo tempo não foi diferente. Solidez defensiva e rápida recomposição eram característicos da equipe do Corinthians. A Ferroviária tentava aumentar sua posse de bola, mas falhava em suas criações ofensivas (pouca efetividade para a equipe visitante). Aos 14 minutos teve sua primeira finalização pra fora, sem assustar muito a zaga alvinegra. As meninas do Corinthians continuavam com sua estratégia bem aplicada: pressão na portadora da bola, inversões de lado para saída da bola de zonas de pressões (zonas com muita marcação da Ferroviária), circulação de bola e verticalização do jogo em profundidade. Aos 33 minutos, Byanca Brasil em uma jogada individual achou Paulinha, que se infiltrou na linha defensiva adversária e assim fechou o placar: quarto gol do Corinthians e passagem carimbada para a semifinal. Aos 38 minutos, em um chute de fora da área, a Ferroviária obrigou Lelê a fazer uma difícil defesa. Foi o último suspiro da equipe.

O Corinthians, de melhor campanha da primeira fase, encara o Rio Preto na busca por vaga na grande final do Brasileirão.


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Twitter: @camilaaveiro 





Comentários

  1. Muito bom. Esse modelo de analise está se consolidando. Visão técnica e tática do jogo. Parabéns. Vamos divulgar.

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    1. Muito obrigada, Francisco! O futebol feminino merece uma crescente!

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