Temos um campeão! Análise tática: Corinthians x Santos


Duas equipes com campanhas similares protagonizaram uma final inédita do Brasileirão Feminino de Futebol. Santos e Corinthians, foram líderes de seus grupos na primeira fase de competição e conseguiram superar seus adversários no mata-mata com times ofensivos e organizados em seu sistema defensivo. As Sereias da Vila venceram os dois jogos, pelos placares de 2x0 e 1x0, respectivamente, se consagrando campeãs. O Seu Esporte Brasil traz uma análise detalhada dos comportamentos/padrões táticos das duas equipes e as estratégias utilizadas nesta grande partida.

O Corinthians começou propondo o jogo dentro de suas características, com circulação de bola e construção ofensiva a partir de seu campo defensivo. Grazi, Ana Vitória e Gabi Nunes, destaque da equipe na partida, eram responsáveis pela organização e distribuição das ações alvinegras:


A equipe da casa tinha maior posse de bola, explorando os corredores laterais afim de quebrar as fortes linhas de marcação santista, que por sua vez se comportava distribuídas em duas linhas de quatro no sistema 4-1-4-1, na sua zona intermediária, fechando bem os espaços pelo centro de jogo:


Devido a forte marcação das Sereias da Vila, bem postadas defensivamente como foi supracitado, o Corinthians mesmo com maior volume de jogo tinha claras dificuldades em chegar de maneira efetiva no seu campo ofensivo. A construção das ações ofensivas dependia de aproximação de suas jogadoras e a busca por constantes infiltrações para chegar ''na cara do gol''. Eram as alvinegras mandantes que ditavam o ritmo da partida, mas as meninas do Santos conseguiram se comportar bem.


Quando perdia a bola, o Corinthians logo procurava sua recuperação. Marcação pressão na portadora da bola, com muitas jogadoras no campo mais ofensivo de jogo. A estratégia até então funcionava e Nenê teve uma boa chance para abrir o placar.


O Santos fugiu das características do seu modelo de jogo. Um time conhecido por gostar da circulação de bola e construir seu jogo a partir de sua defesa, apostou no contra-ataque. Negava espaços para o Corinthians em seu centro de jogo, empurrava as donas da casa para os corredores laterais e faziam superioridade numérica no setor, anulando as ações ofensivas de suas adversárias. O plano de jogo do treinador Caio Couto foi consolidado após um contra-ataque buscando a zona lateral com um cruzamento na cabeça de Sole Jaimes. Gol que fazia o Corinthians ir atrás de uma missão praticamente impossível, precisando de 4 gols para conquistar o tão sonhado título.

O segundo tempo começou com um panorama diferente. As Sereias da Vila subiram suas linhas de marcação pressionando a equipe corintiana desde sua saída de bola:


O tão poderoso ataque do Corinthians não conseguiu vencer o sólido sistema defensivo do Santos. Com suas adversárias pressionando seu terço defensivo, a estratégia foi de utilizar passes mais longos, buscando espaços favoráveis ou livres de marcação. Muita posse de bola e volume de jogo, mas pouco poder ofensivo fizeram a equipe da casa passar em branco nos dois jogos da final.

A busca pela verticalização rápida de jogo e a velocidade de Ketlen, Sole Jaimes e Patrícia Sochor poderiam ter sacramentando a vitória santista.

Na briga das artilheiras da competição, melhor para Sole Jaimes, que com 18 gols contribuiu muito na caminhada do Santos até este título inédito. Parabéns as meninas da Vila Belmiro!


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Twitter: @camilaaveiro

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